O Que Foi o Clipper 5 e dBase nos Anos 90?
Os anos 90 marcaram grandes mudanças na programação de computadores, foi uma época muito rica, onde as coisas não eram fáceis, porém o prazer em aprender era enorme..
Sem internet as pessoas aprendiam na raça, com livros, artigos de revistas e/ou com cursinhos de informática, que não eram poucos na época..
Outra questão do Clipper, bem como do seu antecessor, o dBase, é que não eram linguagens da "academia", não eram ensinadas nas universidades, a divulgação era no boca a boca.
E o Clipper era bom? Para responder esta pergunta basta verificar que era a linguagem mais usada, praticamente a única, para a criação de sistemas corporativos e pequenos comércios.
E quem começou com o dBase, partiu para o Clipper Summer (tinha compatibilidade com o dBase) e depois para o Clipper.
Mas tem muito mais, e se você viveu esta época ou quer simplesmente conhecer a linguagem xBase que mais fez sucesso, fique por aqui e continue lendo.
A Arquitetura Clipper: Compilador x86 e Sistemas DOS
O Clipper, um dos pilares do desenvolvimento de software nas décadas de 1980 e 1990, representou uma revolução para programadores que buscavam criar aplicações de banco de dados robustas e eficientes.
Sua principal inovação residia no fato de ser um compilador nativo x86, uma característica que o diferenciava de muitas outras linguagens da época que operavam como interpretadores.
Isso significava que o código-fonte Clipper era traduzido diretamente para instruções de máquina compreendidas pelos processadores Intel 8086, 286, 386 e subsequentes, resultando em programas extremamente rápidos e com uso otimizado de recursos.
Essa capacidade de gerar executáveis independentes (.EXE) era um diferencial crucial, pois eliminava a necessidade de um ambiente de tempo de execução (runtime) adicional, simplificando a distribuição e execução das aplicações em máquinas dos usuários.
A popularidade do Clipper estava intrinsecamente ligada à onipresença dos sistemas operacionais baseados em DOS (Disk Operating System).
O DOS, com sua interface de linha de comando e requisitos de hardware relativamente baixos, dominava o cenário dos computadores pessoais, e o Clipper se encaixava perfeitamente nesse ecossistema.
Desenvolvedores podiam criar aplicações completas, desde a interface do usuário (tipicamente baseada em texto e menus) até a manipulação de dados, tudo dentro das limitações e potencialidades do DOS.
A capacidade do Clipper de interagir diretamente com o sistema operacional para tarefas como gerenciamento de arquivos, acesso a periféricos e alocação de memória, tudo isso de forma otimizada para a arquitetura x86, o tornou a escolha preferida para sistemas de gerenciamento empresarial, contabilidade, estoque e diversas outras aplicações críticas para negócios.
Embora o Clipper tenha sido gradualmente substituído por tecnologias mais modernas e ambientes gráficos, seu legado permanece significativo.
Ele pavimentou o caminho para o desenvolvimento de aplicações compiladas e demonstrou o poder da otimização para a arquitetura subjacente.
A transição para sistemas operacionais baseados em janelas e a ascensão da internet trouxeram novas demandas, mas a "Arquitetura Clipper" de compilação para x86 em ambientes DOS foi um marco fundamental na história da programação, moldando a forma como muitos sistemas corporativos foram construídos e operados por mais de uma década.
Programando em Clipper: Sintaxe, Funções e Bancos dBase
Desafios da Época: Limitações de Hardware e Debugging
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(para exibir o valor de variáveis) e WAIT
(para pausar a execução) no código, ou com a análise cuidadosa de trace files.Clipper Hoje: Vale a Pena Aprender? Legado e Sistemas Ativos
Apesar de ter atingido seu auge nas décadas de 1980 e 1990, o legado do Clipper vai muito além de sua popularidade na era DOS.
Ele representou um marco no desenvolvimento de software comercial, demonstrando a viabilidade e a eficiência da compilação nativa para a arquitetura x86 em um ambiente de computadores pessoais.
Milhares de sistemas críticos para empresas, desde controle de estoque até contabilidade e folha de pagamento, foram construídos e mantidos com Clipper, muitos dos quais funcionaram por décadas, atestando a robustez e a confiabilidade das aplicações geradas.
A comunidade de desenvolvedores Clipper era vibrante e colaborativa, trocando conhecimentos e aprimorando a linguagem através de bibliotecas e ferramentas de terceiros.
A transição para novas eras de desenvolvimento de software trouxe consigo novos paradigmas e tecnologias que eventualmente suplantaram o Clipper.
A ascensão do Microsoft Windows e das interfaces gráficas de usuário (GUIs) exigiu linguagens e ambientes de programação capazes de lidar com eventos, objetos e elementos visuais complexos.
Linguagens como Visual Basic, Delphi e, posteriormente, as plataformas baseadas em .NET e Java, ofereceram ferramentas mais adequadas para o novo cenário.
Além disso, a explosão da internet e o desenvolvimento de aplicações web mudou drasticamente a forma como os sistemas eram arquitetados e implantados, movendo o foco de aplicações desktop para soluções baseadas em navegador.
No entanto, mesmo com o avanço tecnológico, os princípios de eficiência, otimização de recursos e a importância de uma sintaxe clara, que eram pilares do Clipper, continuam relevantes.
Muitos dos programadores que hoje desenvolvem em linguagens modernas iniciaram sua jornada com Clipper, levando consigo uma base sólida de lógica de programação e uma apreciação pela performance.
O Clipper pode ter se tornado uma parte da história da computação, mas sua influência na formação de uma geração de desenvolvedores e na construção de infraestruturas empresariais é inegável, solidificando seu lugar como um pilar da programação de banco de dados na era pré-internet.
A duradoura relevância do Clipper é sublinhada pela emergência e evolução de linguagens como Harbour e AdvPL, que nasceram diretamente de sua linhagem.
O Harbour, por exemplo, é um compilador de código aberto compatível com Clipper, que permite compilar aplicações para diversas plataformas, incluindo Windows, Linux e macOS, e até mesmo gerar aplicações web.
Ele preserva a sintaxe e a lógica do Clipper, permitindo que sistemas legados sejam modernizados e estendidos sem uma reescrita completa.
Já a AdvPL (Advanced Protheus Language) é a linguagem de programação proprietária utilizada no ERP TOTVS Protheus, um dos maiores sistemas de gestão empresarial do Brasil.
A AdvPL compartilha muitas semelhanças sintáticas e estruturais com o Clipper, evidenciando como a arquitetura e os conceitos originais do Clipper foram adaptados e evoluíram para atender às demandas de sistemas complexos e modernos, garantindo que seu legado continue vivo em soluções empresariais robustas e amplamente utilizadas.
Curtiu essa viagem no tempo pela história do Clipper e sua importância no mundo da programação?
Há muito mais para explorar sobre as tecnologias que moldaram o universo digital.
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